quarta-feira, 7 de abril de 2010

Maluquice

Sueli trabalhava lá em casa. Era muito engraçada e agüentava as nossas brincadeiras de crianças, pirraças e malcriações. Estava sempre escutando um radinho de pilha portátil. Ela era apaixonada pelo companheiro, alto, musculoso, metido a conquistador. Quando brigavam, ela chegava no trabalho bem perturbada. Um dia, enquanto limpava o banheiro, escutava o tal rádio ligado na programação da rádio preferida e, ao tocar uma música mais significativa, lançou mão do vidro de desinfetante, encostou no ouvido para ouvir melhor e balançou, dentro do vaso sanitário, o rádio. Quando viu que não saía nada do desinfetante, é que se deu conta que havia trocado os objetos. Eu assistia a cena, calada, morrendo de rir. Sueli ficou lá em casa anos. Depois fez curso de corte e costura e passou a costurar nas casas como diarista. Ficou nossa amiga para sempre. Morreu de câncer no útero.

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