quarta-feira, 17 de abril de 2013

Questão de idade

A alma não tem idade. Ela é eterna. Pode ir se modificando, se desenvolvendo, se expandindo. Pode ter aprendido muitas coisas novas com as experiências vividas.  Mas, creio eu, jamais se encolhe, murcha ou se desintegra. Foram esses pensamentos que povoaram minha mente, quando, outro dia, me aconteceu um fato inesperado.

Estava eu caminhando, tranquilamente, pelas ruas do bairro onde moro, no final de uma tarde amena de outono, quando passou por mim um grupo de pré-adolescentes, cerca de uns dez, na faixa etária entre seus 11 e 13 anos.

Trajando uniformes característicos de uma escola conhecida, vinham fazendo algazarra, como é natural em meninos daquela idade. No meio da conversa, entre eles, diziam vários palavrões e trocavam empurrões e socos, em meio a risadas. Tudo em  tom de brincadeira. Na opinião deles, é claro.

Ao passarem por dois rapazes que lavavam os carros por ali, ouviram o seguinte comentário: "Oh, meninos, respeitem a senhora que está passando. Vocês estão saindo da escola, não aprenderam a ter educação?"

Ouvindo isso, apressei meus passos. Não queria envolver-me em confusão, pois achei que não tinha nada a ver com a história.

Mais adiante, todos nós nos encontramos novamente. Pude notar que os meninos encheram-se de coragem  e, de longe, gritaram mais palavrões para os dois homens que, na certa, já nem os escutavam mais, envolvidos em  defender o seu pão daquele dia.

Chegando mais perto, pude escutar um dos meninos dizer para os outros: " Qual é a desses caras, xingarem a gente, só porque estava passando uma velhinha!"

Quase cai sentada. Olhei para os lados, não vi mais ninguém. Entregue a meus pensamentos, custei a me perguntar: será que a velhinha era eu?