quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Blog cupido

Não sei de que distantes tempos estás sempre vindo, cada vez mais perto ao meu encontro. O teu sol e as tuas estrelas nunca poderão esconder-te de mim para sempre”...

(Rabindranah Tagore)

Escrevo esta história de amor embalada por dupla satisfação: observar a alegria e a felicidade estampadas no rosto de uma amiga, enquanto ela me narrava a sua história, e me sentindo um pouco responsável pelos últimos acontecimentos em sua vida.

Tudo o que ela vive hoje começou aos 18 anos, em uma tarde ensolarada de férias de verão. Passeando por uma praia, seu olhar ainda explorava aquele lugar, quando se deteve em um rapaz, que passava por aquele local. Novos olhares, sorrisos, palavras soltas, coração batendo forte. Ela pressentiu que algo novo estava nascendo em sua vida, ainda dividida entre manter o hábito de não falar com estranhos e ceder aos impulsos do coração.

Aquele jovem foi chegando, assim, de mansinho, provocando-lhe um frio na barriga. Depois vieram novos encontros. Em noites de luar, palavras ao pé do ouvido. Eles estavam apaixonados.

Mas as férias terminaram e veio a separação inevitável. Moravam em cidades diferentes, não muito próximas. Precisavam voltar às aulas, retomar a rotina de suas vidas. Prometeram escreverem-se e encontrarem-se novamente, um dia, quem sabe, em algum lugar.

Cartas foram trocadas, cheias de suspiros, medos, lembranças, saudades, projetos para o futuro. Mas a vida segue o seu curso e o destino reserva surpresas. Cada um foi cedendo às novas circunstâncias, surgidas em suas vidas: novas prioridades, novas responsabilidades.

No vai e vem da vida, outros relacionamentos foram acontecendo: casamentos, filhos, separações. Afinal a vida é um processo dinâmico, onde as pessoas projetam, criam, modificam, erram, acertam, onde, enfim, as experiências vividas as levam a conhecer-se e a compreender os demais. Tendo sempre a proximidade como um dos fatores que marcam as relações rotineiras.

Os anos se passaram e eles já não tinham mais notícias um do outro. Nem por isso o destino deixou de fazer a sua parte. Afinal, como já dizia o poeta: se me esqueceres, só uma coisa, esquece-me bem devagarzinho.

Recentemente, ao pesquisar este blog, ele encontrou o nome de sua amada, citado em uma de minhas crônicas publicadas. Sem perder tempo, foi pesquisando, até encontrar seu telefone e endereço. Bateu em sua porta e entrou para ficar.

Resultado: hoje, 50 anos depois, retomaram aquele amor da juventude. Revivem os momentos felizes, desfrutados naquela praia distante. Mais renovados e maduros, mas com a mesma alegria. “Estamos namorando!”, disse-me ela, com um brilho diferente nos olhos.

Uma satisfação enorme invade meu coração ao fazer este relato, pois acredito que o amor, quando é verdadeiro, é eterno e nem o sol, nem as estrelas poderão escondê-lo, quando ele vem ao nosso encontro.

E eu, que pensava criar um blog para proporcionar lazer e entretenimento, agora vejo que ele também serve para encurtar distâncias e unir namorados. Que minha amiga, da qual prefiro não revelar o nome, receba toda a recompensa de suas emoções, nascidas aos 18 anos e desabrochadas aos 68, quando seu coração voltou a bater mais forte como se fosse aquela vez.