quarta-feira, 7 de abril de 2010

Disparada

“Aprendi a galopar no cavalo”, entrei correndo na casa, feliz em contar a novidade para a família. Na fazenda, naquele campo verde imenso, galopando no cavalo, conheci, aos sete anos, a sensação de liberdade. Os cabelos voavam ao vento, o cheiro do verde molhado do capim penetrava em minhas narinas, o céu azul parecia não ter fim. Comandava o cavalo com dignidade. Aprendi a puxar as rédeas, quando queria diminuir a marcha e a soltá-las quando queria correr mais. Assim como aprendi a fazer na vida. De repente, não havia mais controle, o cavalo não obedecia mais e não queria parar. A sensação já não era de liberdade e gozo, era de medo. E os risos e os gritos não eram mais de alegria, eram de horror. As mãos suadas seguravam as rédeas com toda a força e minhas pernas grudavam na barriga do animal como os tentáculos de um polvo. Quando achei que ia até o infinito cavalgando, fui salva por um cavaleiro que veio em meu socorro e conseguiu dominar o teimoso animal. Era meu pai que, de longe, observava toda a cena e, sabiamente só se aproximou e interferiu quando viu que eu, apavorada, não seria capaz de me safar sozinha da situação. Obrigada, meu pai, por me proteger e me ensinar que, na vida a gente tem de agir no momento certo.

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