quinta-feira, 28 de março de 2013

O Casarão: novas impressões!


"Quem quiser saber quem sou olha para o céu azul e grita junto comigo: Viva o Rio Grande do Sul... Querência amada, de encantos mil, disposta a tudo pelo Brasil!"

Esta casa de fazenda, do interior do Rio Grande do Sul, já pintei há mais ou menos um ano. A pintura foi baseada em uma foto, tirada no ano de 1932, segundo anotação feita no verso, com a letra de meu pai. Como o quadro fez sucesso em família, minha irmã trouxe-me uma outra foto do mesmo casarão, também tirada naquele mesmo ano, porém  retratando outra situação.
 
Olhando a foto, deixei minha imaginação criar asas. Comecei a imaginar o que poderia estar acontecendo naquele instantâneo de uma realidade, registrado à eternidade.

Poderia ser uma tarde morna  de verão. A familia, como era costume, estava reunida em frente à casa para "tomar uma fresca" e "jogar conversa fora". A presença do fotógrafo era motivo de comemoração e de celebração, motivo para colocar roupa nova para causar a melhor impressão.
 
O carro, recentemente comprado, talvez tenha sido colocado estrategicamente em primeiro plano para demonstrar um certo ar de modernidade e opulência, segundo os padrões da época.
 
A foto também mostra personagens e seus cavalos, talvez, vizinhos, que tenham aproveitado o momento de visita para fazer a sua pose, explorando a paciência do fotógrafo que, certamente, aparecia uma ou outra vez por aquelas paragens.
 
Até os patos correram para serem fotografados e, com seus grasnados histéricos, interromperam a animada conversa para marcarem as suas presenças.. Já mais tímidas, as crianças  contentavam-se em espiar os acontecimentos através da porta ou da janela.
 
Imagino que, dentro da casa, alguém preparava um delicioso café para servir aos convidados, acompanhado de um  apetituoso bolo de milho. Logo todos seriam chamados para sentarem-se à mesa farta e saborearem também um  pão, recém saído do forno e as "chimias " de abóbora, figo ou pêssego, produzidas na própria fazenda, conforme a tradição.
 
Enquanto minha imaginação corria solta, as tintas foram escorrendo pelos pinceis diretamente na tela e de dentro de mim nascia a certeza de que momentos como esses são dignos de serem registrados para serem perpetuados ao longo de muitas  gerações. O passado se renova e está sempre presente.
  

2 comentários:

  1. Tocou no fundo de minha alma! Quanta sensibilidade minha irmã!

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  2. Nada como juntar as habilidades:letras e arte. Perfeita.

    Heloisa

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